Amor · Relacionamento · Vida na India

Meu Menino Rudra e sua Vida na Índia

12463917_10153819049139133_892460424_n

Não, não foi nada fácil tomar a decisão de trazer meu filho de 5 anos para Índia.
Isso significaria separá-lo de toda a família, de seus grandes amigos, da maravilhosa escola Waldorf Shimaiá Jardim que nos dava tanto suporte e finalmente de um lugar privilegiado para se criar uma criança, como a Ilha de Florianópolis.

Mas além disso, significaria adaptá-lo em uma nova cultura, nova língua, novo sistema de ensino, novo estilo de vida, novo-tudo! Sem mencionar a “desconcertante” viagem de 36 horas… Afinal de contas, não estaríamos nos mudando para outra cidade, nem mesmo para o atual continente, mas literalmente para o outro lado do mundo!

Porém, mais difícil do que tomar a decisão, foi tomar a atitude: explicar para ele toda a situação, doar todos seus brinquedos e roupas, fazer uma mega festa de despedida, arcar com uma intensa e cruel burocracia e o pior de tudo – lidar com todas as críticas e lágrimas das pessoas queridas.

Sim, eu estaria com muito menos suporte, mas por outro lado estaria mais presente. E nós dois estávamos ávidos por esse re-encontro. Digo isso, pois tive a privilegiada oportunidade de me dedicar inteiramente ao Rudra até seus dois anos e meio, mas a partir desse ponto, tanto eu quanto a vida me pediram uma dedicação ao meu trabalho, que estava só iniciando…

Me tornei mãe muito cedo, aos recém completos 21 anos. Eu era uma estudante universitária quando tive a aterrorizante noticia de que estava: grávida! Literalmente meu mundo desabou, pois naquele momento tudo o que eu queria era justamente, o mundo. Faltava menos de um ano para realizar meu sonho de ir à Índia para completar minha formação quando Rudra decidiu que euzinha seria sua mãe.

Sabe o que ele fez?
Ele me mostrou o quanto eu era capaz. Através da gestação e principalmente depois de meu parto domiciliar, ele me mostrou o caminho do Sagrado Feminino. Através dele eu vivi a Deusa que habita em mim, com toda sua força e sua potência.
Foi depois de passar por todos os enjoos que o papel de vítima traz, que assumi a responsabilidade pelo que acontece em minha vida e assim aceitei, aceitei a Vida como presente. Graças a esta força desperta, não só aceitei a vida, como também fui para o tão sonhado mundo – desta vez, com mala, “malinha” e cuia!

Foram 9 meses, o tempo de uma gestação, viajando pelo mundo com meu bebê que naquele então havia completado 4 meses de vida no dia da partida. Vivemos 4 meses na Índia, 1 mês na Indonésia e o restante em diversos países da Europa.
Este bebê, que com 4 meses já manifestava todo o carisma tão reconhecido por todos que cruzam seu caminho. Através da presença e de seu imponente nome, ele abriu várias portas, conquistou corações e nos conectou com pessoas que são grandes amigos até hoje, né Sonia Novaes? Nada, absolutamente nada de “errado” aconteceu, foram bençãos o tempo inteiro, foi um sonho exponencialmente mais grandioso do que o sonho sonhado outrora.

Porém, ao voltar para o Brasil, eu vivi o lado negro da Deusa. Me despedacei como mulher para ser mãe, esposa, dona de casa e uma aspirante de profissional. A realidade distorcida da vida bateu à minha porta e aos poucos fui esquecendo daquela força – fui me dividindo, me enfraquecendo, até parar no hospital com estágio avançado de pneumonia.

Felizmente, fisicamente me curei, mas esse era só o inicio da nova jornada em direção a cura e maturidade emocional. Passei por separações, aperto financeiro, conforto financeiro, desespero, perda da minha feminilidade, trabalho excessivo, culpa, ansiedade e muitas outras crises que normalmente passamos ao longo da vida, mas desta vez eu tinha o pequeno refletindo tudo isso pra mim!!!

Foi muito intenso, mas necessário para abrir os caminhos de volta a Deusa e receber e dar o devido valor a todas as bençãos que tenho recebido neste exato momento. Uma delas é esse re-encontro com meu filho, a oportunidade de estar mais pertinho dele, de acompanhar seu processo intenso de amadurecimento, de fazer massagem todas as noites, de “estudarmos” juntos e principalmente de estarmos em harmonia, por que eu também consegui me harmonizar, com muita ajuda, principalmente de meu marido Tadany Cargnin Dos Santos que abriu todas as portas aqui na Índia, principalmente a enorme porta do seu coração para nós dois.

Já havia aprendido isso na “volta ao mundo” (que foi outra fonte de críticas e terror) que o que importa para criança não são as “coisas” que achamos importantes, mas sim a nossa presença e nosso equilíbrio, que é proveniente da força e coragem de ir atrás de nossos sonhos e de nosso caminho autêntico, mesmo que ele seja totalmente irreverente. E as vezes faltamos na presença, no equilíbrio, na autenticidade – por causa das coisas.

Me lembro quando comentei com a amiga Roberta Yamuna dos novos planos e ela sabiamente me disse: “quando um caminho se abre inteiramente para a mãe, isso significa que se abre para o filho também”. E assim é! E assim foi, fizemos essa enorme transição e por incrível que pareça, foi ele, esse serzinho de luz de 5 anos que me mostrou que estávamos no caminho certo. Fiquei impressionada com a rapidez de sua adaptação – ele se saiu muitoooo melhor do que eu!

Há 4 meses me lembro da tortuosa jornada pela cidade de Pune atrás de escolas, eu chegando em casa e chorando de desespero e ele feliz da vida cantando mantras e se interessando em saber mais sobre as deidades que compõe nosso altar; Eu me sentindo culpada até o ultimo fio de cabelo por ter o colocado em um ambiente por vezes tão hostil e ele se divertindo em andar nos “taxis sem portas”. Eu preocupada com ele, com a vida, etc. e ele tomando iniciativa para tomar banho, se limpar após ir ao banheiro e arrumar sua cama. Dá para acreditar?

Graças a Deusa, tudo correu bem, fizemos a escolha certa em relação a escola – escolha esta que no ultimo domingo nos rendeu lágrimas da mais intensa alegria ao participar da celebração de encerramento com direito a “formatura” e tudo! Foi uma surpresa divina, não estava esperando tudo isso! Para mais fotos e vídeos do evento: https://drive.google.com/folderview…

Atualmente Rudra está com um inglês impressionante, é super fera no karatê, foi campeão no sport´s day at school e empolgadíssimo com o universo das letras e números que aprendeu nos dois idiomas! Isto por interesse próprio e pela super motivação do Tadany Cargnin Dos Santosque se revelou como um ótimo educador. Como foi dito na festa de formatura: “Rudra is an enthusiastic learner and full of energy”! E tem mais, ano que vem a escola anunciou que terá Hindi no currículo, ele será nosso mais novo professor…

Rudra já fez vários amigos na escola, mas havia uma coisa que lhe faltava, um amigo-irmão desses que ele tinha no Brasil como o Bruno, Pedro, Noah, Mathias, entre outras lindas crianças. Eis que em uma tarde de domingo em um parque perto da nossa casa, surge um lindo menino chamado Kabir. A conexão foi imediata, tanto dos meninos, quanto das mães. Eles não se desgrudaram um segundo e no final do dia, Rudra feliz como nunca, fez sua mochila e foi dormir na casa do amigo me acenando com as mãos e dizendo: “não mãe, não precisa ir até lá embaixo”.
Rudra ganhou um amigo e nós mais uma linda família.

MEU MENINO RUDRA

Em meu ventre um menino-semente
Foi plantado “acidentalmente”
Ele cresceu, se desenvolveu
E no dia mais belo de minha vida
Em casa, ele nasceu

Meio bicho, meio anjo
Esse ser tão pequenino
Fez o maior arranjo
Me ensinou tantas coisas…

Ensinou, que em meu corpo
Posso confiar
E intensamente
Fez a potência ali guardada despertar

Com seu olhar também me contou
Que mesmo sem saber
Preparada eu estava
Para uma vida florescer

Enrolado em um pano
Na mais tenra idade
Viajava pelo mundo
Despertando amorosidade

Na medida do crescimento
Os desafios foram aparecendo
Mas nada, nada se compara
Com o poder do amor
Que sustenta e ampara

Seu nome Rudra
Veio de um sopro divino
Provavelmente de um anjo
Que pressagiava o nosso destino

Hoje meu menino-criança
Feliz aqui está
Brincando e cantando mantras
Pros lados de cá

Carinhoso, manhoso
Sagaz, perspicaz
Lindo e aventureiro
O menino-Rudra
É muito parceiro!

Não importa como e para onde vá
Para ele o que importa é o “quando”
E a qualidade de quem aqui está

Agradeço a Mãe divina
Pelo presente recebido
Sem ele, minha vida
Não teria este colorido

One thought on “Meu Menino Rudra e sua Vida na Índia

  1. hi Thais, ended up on ur site. I am very happy to read that Rudra is doing well, your words beautifully chosen, Wish You all the best, Katja (mother of Roberta)

    Like

Leave a comment